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Contabilidade ambiental: tudo sobre essa tendência

Equipe Conta Azul Equipe Conta Azul | Atualizado em: 26/03/2024 | 7 mins de leitura

Contabilidade ambiental

A contabilidade ambiental é um ramo contábil cada vez mais requisitado.

O motivo é claro: um erro de cálculo no impacto ao meio ambiente pode custar muito caro para a empresa e para a sociedade.

Por isso, ela interpreta informações ambientais com o objetivo de ajudar as empresas a tomar decisões prudentes.

Para simplificar: por um lado, a contabilidade ambiental ajuda a analisar os impactos da empresa na natureza; por outro, auxilia a determinar qual será o resultado financeiro desses impactos para a empresa.

De qualquer forma, o resultado prático é que ela ajuda na tomada de decisões, tanto para a saúde da empresa quanto da natureza.

O papel da contabilidade ambiental

Geralmente, um sistema de contabilidade ambiental consiste em duas partes: contabilidade ecológica e contabilidade convencional aplicada ao meio ambiente.

A contabilidade ecológica é o aspecto da contabilidade ambiental que analisa como uma empresa influencia o meio ambiente com medições físicas.

Já a contabilidade convencional aplicada ao meio ambiente mede o efeito que uma empresa tem sobre a natureza em termos financeiros.

Benefícios

Os benefícios que a adoção de um sistema de contabilidade ambiental traz a uma empresa são diversos.

O primeiro deles é o controle sobre o impacto das ações.

A contabilidade ambiental orienta a alocação racional de recursos, uma vez que os investimentos são baseados em indicadores precisos.

Além disso, esse tipo de contabilidade auxilia na tomada de decisões, na melhoria da imagem corporativa da empresa (tendo em vista que a publicação do balanço ambiental contribui para uma maior transparência da gestão) e evita que a companhia sofra multas ou passe por problemas com a legislação ambiental vigente.

Para promover o funcionamento ideal dos negócios, os contadores ambientais medem e comunicam o impacto econômico que uma empresa terá sobre o meio ambiente.

Alguns dos custos que esses profissionais analisam incluem aqueles envolvidos na limpeza ou reparação de um local contaminado, penalidades e impostos, multas ambientais, custos de gerenciamento de resíduos e a compra de tecnologias destinadas a facilitar a prevenção da poluição.

Como fazer contabilidade ambiental

Veja abaixo algumas das etapas necessárias para implementar a contabilidade ambiental em uma empresa.

Criar registro das atividades

É necessário elaborar registros contábeis específicos que apontem todas as atividades da empresa que realmente causem ou que tenham potencialidade de causar algum impacto no meio ambiente, desde que essas ações possam ser medidas de forma monetária.

Nesses registros contábeis também devem ser listadas todas as ações que a empresa pretende botar em prática com o intuito de amenizar as atividades que impactam o meio ambiente ou, então, com o propósito de reparar possíveis danos causados ao entorno.

Definir o que são custos, ativos e passivos ambientais

Os ativos ambientais são recursos utilizados pela empresa com o objetivo de promover benefícios futuros diretamente ligados à proteção do meio ambiente — isso se aplica também à conservação de áreas nativas.

Aqueles recursos usados no processo produtivo que provocam menos agressão ao meio ambiente, apelidados de “tecnologia limpa”, não são considerados ativos ambientais, mas ativos operacionais.

O meio ambiente poluído pode acelerar a deterioração dos ativos operacionais expostos a esse meio.

A redução da vida útil provocada por essa exposição, portanto, deve ser considerada um custo ambiental, uma vez que reflete as perdas decorrentes do meio poluído.

Já o passivo ambiental é qualquer obrigação, de curto ou longo prazo, decorrente de impactos causados no meio ambiente, que tenha como intuito única e exclusivamente eliminar ou reduzir esses impactos.

Essa obrigação é assumida diante de outros órgãos e pode se caracterizar como ações de recuperação de áreas degradadas, indenizações, obrigatoriedade de criação de meios para amenizar danos e multas, além de penalidades conforme as leis ambientais.

Geralmente, os passivos ambientais são tidos como algo negativo, uma vez que se aplicam a empresas que agrediram consideravelmente o meio ambiente e que precisam pagar grandes indenizações, multas ou realizar processos de recuperação de áreas danificadas.

Informar quais foram os critérios adotados

Essas informações devem constar nas notas explicativas ambientais, que, por sua vez, têm de estar separadas de outros tipos de notas explicativas.

Nessas notas específicas, é preciso que estejam esclarecidos os critérios que a empresa adotou para avaliar seus estoques ambientais, considerar o valor que possuem e a depreciação que sofreram, além de informar que taxas utilizou no período do exercício.

Também é necessário explicitar como foi avaliado o ativo (informando quais bases serviram de parâmetro para determinar os gastos ambientais), declarar as dívidas que têm relação com as ações no meio ambiente (esclarecendo qual critério contábil foi usado para apropriação) e informar o valor do lucro que foi destinado para as atividades da empresa no meio ambiente.

Relatórios integrados na contabilidade ambiental

Dentro da área da contabilidade ambiental, vem ganhando força no meio corporativo o chamado relatório integrado.

Como o próprio nome sugere, essa abordagem busca reunir informações financeiras, ambientais, sociais e de governança em um formato de relatório único e abrangente.

Diversas empresas ao redor do mundo estão testando atualmente esse tipo de estrutura de relatórios criada pelo International Integrated Reporting Council (IIRC).

O trabalho da IIRC ocorreu em um momento em que investidores e bolsas de valores, assim como os responsáveis pelas políticas da ONU, pressionavam por informações mais completas das empresas, especialmente em questões de sustentabilidade.

Em 2010, a Bolsa de Valores de Joanesburgo tornou obrigatório que todas as empresas listadas produzissem um relatório anual integrado ou que explicassem por que não o faziam.

Nos Estados Unidos, a Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos publicou orientações sobre o que as empresas públicas devem divulgar aos investidores a respeito dos riscos relacionados às mudanças climáticas.

Por conta disso, algumas companhias pioneiras já experimentam relatórios integrados, incluindo informações e métricas de sustentabilidade em seus relatórios anuais.

Os exemplos incluem a Philips, a Novo Nordisk, a American Electric Power, a Pfizer, a Astra Zeneca e a United Technologies Corporation.

Embora esse formato exija uma mudança de pensamento e de cultura, tudo indica que as empresas que estão adotando o relatório integrado conquistarão benefícios significativos no futuro.

Isso porque, ao obter uma visão mais completa dos desafios que enfrentam, as companhias podem tomar melhores decisões, reduzir riscos e construir um futuro mais sustentável a longo prazo.

Com base nesses relatórios, os empresários e CEOs podem priorizar estratégias que mantêm suas empresas competitivas em um mundo repleto de recursos.

A verdade é que, no mundo de hoje, a transparência limitada a respeito dos riscos de sustentabilidade no meio corporativo pode levar a investimentos ruins para o meio ambiente e para os resultados financeiros das empresas.

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