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Contador sênior, técnico e estagiário: qual o papel de cada um?

Vinicius Roveda Vinicius Roveda | Atualizado em: 26/03/2024 | 8 mins de leitura | ← voltar

Contador sênior, técnico e estagiário: qual o papel de cada um?

Depois do DNA da empresa, o seu segundo bem mais valioso é o capital humano: a força, a inteligência e a sensibilidade dos profissionais permitem às empresas interagirem com seus públicos para conquistar e garantir espaço de destaque no mercado. Sem a dedicação e o profissionalismo das pessoas envolvidas muitos avanços não seriam possíveis. É por isso que investir no fortalecimento da equipe e no aperfeiçoamento de cada profissional é essencial.

Mas como trabalhar na formação da equipe e na retenção de talentos no escritório contábil? O ideal é ter um time composto majoritariamente por profissionais jovens, como estagiários em ciências contábeis, ou contadores seniores? Como profissionais com perfis e experiências tão diferentes podem contribuir para o crescimento da empresa?

Normalmente, é no momento da seleção de novos profissionais que todas essas questões surgem. Porém, esse é um tema que merece especial atenção dos gestores sempre. É preciso que o gestor se pergunte: qual será o perfil do time e de cada profissional?

Perfis diferentes para resultados melhores

A verdade é que cada perfil agrega suas vantagens e suas desvantagens e não há nada melhor que uma análise completa — do contexto social, do cenário do escritório contábil, do perfil da equipe e também de quem está concorrendo às vagas — para ajudá-lo a tomar a melhor decisão.

Ao considerar tudo isso e pensar no que cada profissional, com diferentes perfis, pode entregar, o contador do futuro tem condições de tomar as decisões mais inteligentes e estratégicas para fortalecer o seu time de talentos e o escritório.

A seguir, conheça o perfil do contador sênior, do técnico em contabilidade e do estagiário de ciências contábeis e veja como cada um pode contribuir com seu negócio. E mais: como o trabalho conjunto feito por eles é valioso!

Na hora da seleção: idade é critério?

Segundo estudo publicado no site Administradores, desenvolvido pela Randstad Global, 32 países, incluindo o Brasil, são a favor do recrutamento de jovens iniciantes para sua empresa, com destaque para o México (86%), Reino Unido e França (ambos 84%) .

E a opinião é quase consenso: três em cada quatro funcionários compartilham dessa ideia e acreditam que o investimento em jovens talentos é uma boa estratégia.

Mas os entrevistados não apoiam somente a contratação de jovens: globalmente, seis em cada dez são a favor da contratação de profissionais seniores. O Reino Unido (83%) e o México (79%) destacam-se na extremidade com os índices mais altos de apoio aos profissionais seniores, seguidos de Singapura (74%) e dos EUA (72%).

Já a resistência na contratação de profissionais mais maduros pode ser percebida no Leste Europeu, em países como a República Checa, a Eslováquia e a Hungria, onde apenas um terço dos entrevistados acreditam que recrutar profissionais seniores é importante para a sua empresa.

Vale lembrar que hoje as empresas adotam diferentes critérios para elaboração de planos de carreiras e definição dos cargos: júnior, pleno ou sênior. Antes, a classificação era considerada consensual e a maioria das empresas tomava como principal critério o tempo de serviço. Com a nova dinâmica do mercado e as peculiaridades de cada área, atualmente, as empresas vêm reinventando esse modo de classificação dos cargos impulsionadas, principalmente, pelas mudanças de variáveis do cenário.

Estagiário de ciências contábeis

Jovens e curiosos, em início de carreira, os estagiários de ciências contábeis estão sempre dispostos a aprender coisas novas e mostram um entusiasmo contagiante na hora de trabalhar. Normalmente, um profissional júnior deseja mostrar todas as suas habilidades e recompensa a falta de experiência prática com conhecimento e vontade de fazer mais e melhor.

Um estagiário de ciências contábeis está acompanhando o que há de mais novo no mercado no que se refere às técnicas, ferramentas e tecnologias. Eles podem ser responsáveis por apresentar à equipe do escritório o “admirável mundo novo da contabilidade”, ou seja, podem compartilhar as novidades e contribuir para o processo de inovação.

Técnico em contabilidade

Nem tão maduro como um contador sênior, nem tão estreante como um estagiário de ciências contábeis, o técnico em contabilidade tem os conhecimentos operacionais e tecnológicos da profissão e com o seu desempenho contribui para a evolução das organizações, tornando-as mais competitivas.

Porém, muitas vezes, falta ao técnico a experiência do sênior e a curiosidade do júnior. Uma vez capacitado para a execução dos serviços contábeis nas áreas fiscal, financeira, recursos humanos e contábil, em qualquer organização pública ou privada, ele corre o risco de ficar com a visão mais estreita e tornar o seu trabalho mais prático e repetitivo, dentro de um ciclo quase que puramente operacional.

Na contramão, outra possibilidade aumenta a confiança do contador do futuro: o técnico em contabilidade está realmente mais preparado que um júnior. Sobretudo, ele tem mais conhecimento técnico e mais clareza sobre as responsabilidades perante a sociedade do que um júnior. É importante aproveitar a riqueza da bagagem do técnico em contabilidade e apostar no talento dele, integrando-o à empresa. Se ele receber incentivo e tiver um bom desempenho, logo o escritório contábil terá mais um especialista no time.

Contador sênior

Vivência prática e gestão da emoção são atributos que só podem ser conquistados com o tempo. É por isso que o contador sênior traz sabedoria e conhecimento para a equipe e agrega qualidade para os trabalhos a serem executados. Ao longo de sua carreira, o contador sênior aprendeu a identificar o que realmente gosta e o que faz melhor.

Com tamanha experiência, ele é um ótimo líder e também um excelente assessor, de modo que sua contribuição pode garantir a qualidade e o sucesso na execução de novos projetos. É preciso compreender que o maior desafio do contador sênior é se adaptar às mudanças e aprender a quebrar alguns paradigmas.

Uma equipe múltipla

A sabedoria do contador sênior, a ousadia do estagiário de ciências contábeis e o domínio dos processos do técnico em contabilidade. Ao unir esses profissionais, o contador do futuro forma uma equipe múltipla e forte com capacidade de superar os desafios e entregar excelentes resultados.

É a soma das contribuições de cada profissional que fornece à equipe uma visão mais ampla sobre os processos e o mercado, para uma atuação pautada pela vontade de fazer acontecer e conquistar sucesso.

No dia a dia, o contador sênior apresenta uma visão madura indicando o que deu certo e o que não deve ser feito, enquanto o estagiário de ciências contábeis mostra como é possível inovar e o técnico em contabilidade apresenta a viabilidade ou não da ideia na prática.

O real valor da troca de experiências

O diálogo constante entre contador sênior, técnico em contabilidade e estagiário de ciências contábeis permite à equipe compartilhar experiências, somar habilidades e manter o foco para garantir a conquista dos objetivos. O encontro de diferentes perfis confere um ponto de equilíbrio para a equipe.

Quando um contador sênior compartilha sua história, ele motiva os demais a seguirem em frente, independentemente das dificuldades. Diante de um momento de crise, por exemplo, é o profissional mais maduro que acalma os mais jovens.

A diversidade de perfis profissionais e o encontro de várias gerações no escritório permitem a construção de uma história pautada por diferentes olhares. Em alguns momentos, a ousadia do jovem é muito bem-vinda; em outros a cautela do sênior mantém a empresa firme e forte. Enquanto a sabedoria do profissional maduro se contrapõe à ansiedade do jovem; a mente cheia de ideias do estagiário de ciências contábeis desperta o olhar do contador sênior para a inovação.

A construção coletiva faz o escritório crescer e, além disso, permite o amadurecimento de cada um. Novas histórias, mais compartilhamento e um perfil profissional em construção: este é o movimento possível a partir da real troca de experiências entre diferentes gerações.

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