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Débito e crédito na contabilidade: o registro das vendas no cartão

Vinicius Roveda Vinicius Roveda | Atualizado em: 26/03/2024 | 7 mins de leitura

Débito e crédito na contabilidade: o registro das vendas no cartão

O aumento na disponibilidade de equipamentos para vendas no cartão gera reflexos também no trabalho do contador. Afinal, seu cliente muitas vezes tem dúvidas quanto ao registro das operações de débito e crédito na contabilidade da empresa. Você está pronto para ajudá-lo e sair ganhando com isso?

O avanço das vendas no cartão

Contra números, é bem difícil ter bons argumentos, não é mesmo? Alguns deles têm reforçado o crescimento nas vendas no cartão e, por consequência, a necessidade de registro das operações de débito e crédito na contabilidade. Confira:

  • Em 2016, o aumento nessas transações chegou a 6,3%, na comparação com o ano anterior;
  • Já no primeiro trimestre de 2017, o crescimento foi de 5,9%;
  • Estima-se que 95% dos clientes que têm cartão de crédito o utilizam todo mês.

Os dados são da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) e mostram um avanço em ritmo superior ao da economia brasileira, inclusive.

Em parte, tal crescimento se deve à proliferação de maquininhas para a oferta deste meio de pagamento. Modelos que funcionam sem fio, conectados ao celular e sem mensalidade vêm tornando as vendas no cartão acessíveis mesmo a pequenos empreendimentos.

Mas o que isso tudo tem a ver com o seu escritório? Um contador atento, que não deixa escapar uma boa oportunidade de crescimento, já sabe. Afinal, o maior uso da ferramenta implica no aumento da necessidade de seu suporte. Em outras palavras, novos e antigos clientes precisam de você para registrar corretamente as transações no débito e crédito na contabilidade.

Para muitos deles, inclusive, esse é um tópico desconhecido. Além da incidência de juros, tem a particularidade dos prazos nos recebimentos serem diferentes das vendas. Tudo isso gera uma série de dúvidas, e um bom contador deve prestar auxílio e marcar presença para respondê-las.

Débito e crédito na contabilidade: caixa ou competência?

Como acabamos de ver, há bons motivos para você dedicar atenção a esse tópico. Afinal, muitos dos seus clientes talvez vendam no cartão hoje e, futuramente, muitos outros passem a vender.

A primeira entre as principais dúvidas que eles têm sobre o registro contábil dessas operações diz respeito ao regime escolhido, se por caixa ou competência. O cartão é sempre um exemplo clássico utilizado para explicar as particularidades de cada um. E não é por acaso.

Tanto no débito quanto no crédito, a data da venda nunca é a data do recebimento. O prazo previsto para o dinheiro entrar na conta varia bastante conforme a operadora. Em alguns casos, vendas no débito são creditadas em apenas 1 dia útil. Por outro lado, operações no cartão de crédito podem demorar até 31 dias para o recebimento ser concretizado.

Se o cliente adotar o regime de competência, a receita é registrada na data do fato gerador. Ou seja, isso deve ocorrer no dia exato em que a venda foi realizada. A particularidade aqui é que independe de o pagamento ter sido realizado ou não.

Já se ele adotar o chamado regime de caixa, o registro contábil da venda ocorre tão somente quando o dinheiro entra na sua conta. É como uma cópia fiel do extrato bancário. Isso pode ser interessante para que não seja registrada uma despesa ou receita não realizada.

Esse é um assunto que um contador domina com tranquilidade, mas não o seu cliente. Perceba aí que você pode se aproximar das oportunidades ao agir quase como um tradutor. É preciso ser didático, pois, ao ajudar o cliente, seu escritório ganha pontos importantes.

Como auxiliar o cliente a fazer os registros

Vencida a etapa da definição quanto ao regime para registro dos lançamentos contábeis, é chegada a hora de entrar nos detalhes da operação. Como você sabe bem, esse tipo de transação costuma ter taxas que variam bastante. Há descontos diferentes para o débito e o crédito e datas e prazos que mudam conforme a maquininha usada.

Se o seu cliente já é o tipo de empreendedor que foge de números e de cálculos, esse é um assunto bastante espinhoso. Mas lembre-se da dica que acabamos de dar: seja didático.

Sua estratégia aqui deve ser a de conquistar o cliente pela confiança. Ao estar ao seu lado como um provedor de soluções, você ganha mais do que respeito, pois favorece a construção de um relacionamento de longo prazo.

Caracterize como venda a prazo

Operações de venda à vista não se restringem ao dinheiro, certo? De fato, do ponto de vista do consumidor, essa regra está correta. Mas pelo prisma da contabilidade, sempre que um cartão é usado como meio de pagamento, o registro de débito e crédito na contabilidade conta como uma venda a prazo.

A razão é simples e já abordada: a venda nunca gera receita imediata no caixa. Na melhor das hipóteses, o dinheiro oriundo dela estará disponível em 1 dia útil. Na pior, quase 1 mês depois.

Identifique os prazos

Se o seu cliente fez o dever de casa, ao escolher sua maquininha ele já se atentou a essa questão. Assim, sabe bem quais são os prazos de recebimento, tanto no débito quanto no crédito. Mas se houver dificuldade da parte dele, não julgue, apenas esteja pronto para ajudar.

O que muitas vezes atrapalha os empreendedores é a existência de prazos diferentes conforme o cartão utilizado. Quer um exemplo? Há equipamentos que estabelecem 5 dias úteis para uma determinada bandeira e 15 para outras. Isso aumenta a exigência por controle e organização.

Confirme o peso das taxas

A variação encontrada nos prazos aparece nas taxas, que são diferentes não apenas entre as máquinas, mas também entre as vendas no débito, no crédito à vista, no crédito parcelado e no crédito parcelado em longo prazo. É muita coisa para pensar, concorda?

Trabalhe com exemplos

Mostrar no papel o comportamento dos registros é a ação mais efetiva para que haja compreensão do cliente. De quebra, quando melhor preparado, ele contribui com informações contábeis mais precisas.

A partir da sua realidade e das vendas realizadas, vale detalhar como é construído o registro contábil. Explique, por exemplo, que o total a receber da operadora por suas vendas é um tipo de ativo circulante, enquanto os impostos sobre elas representam um passivo circulante.

Quanto mais acostumado ele estiver a conceitos e suas aplicações práticas, menos erros cometerá e mais satisfeito ficará com o apoio do contador à sua empresa.

Atenção às oportunidades

Neste artigo, vimos como é importante que o contador esteja atento a todos os movimentos do mercado. Sem essa postura, oportunidades podem escapar, como seria o caso ao ignorar o avanço das maquininhas.

Com mais tecnologia e novos concorrentes nesse mercado, a tendência indica que cada vez mais clientes terão esse tipo de demanda. Para sua sorte, o que para eles é um problema, para você é solução!

Como você tem auxiliado seus clientes no registro desse tipo de operação? Comente!

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