Inovação

Enescopar 2018: inovação é simplificar processos e facilitar a vida do cliente

Anselmo Massad Anselmo Massad | Atualizado em: 26/03/2024 | 7 mins de leitura | ← voltar

 

Enescopar 2018: inovação é simplificar processos e facilitar a vida do cliente

Trazer os desafios da inovação e da transformação digital para o universo da contabilidade e das empresas de serviço é o principal tema do Enescopar 2018, que ocorre em Curitiba (PR). Eu sou o Anselmo e faço parte da comitiva da ContaAzul, patrocinadora e expositora no evento. Separei aqui alguns tópicos — e à medida em que novas ideias e pontos relevantes forem citados, atualizo nesta mesma página.

O tema do 4º Enescopar é “A Transformação dos Negócios: inovação – reinvenção – disrupção”. Realizado a cada dois anos na capital paranaense, é promovido pelo Sescap PR. A ContaAzul tem orgulho de estar entre os patrocinadores do evento!

A abertura aconteceu na quinta-feira (8), Dia Internacional da Mulher. Em meio às palestras de abertura, uma homenagem às contadoras teve apresentação musical de Rafa Gomes e Marcelo Archetti (cantores paranaenses que se celebrizaram no programa The Voice).

Arthur Igreja no Enescopar 2018

Enescopar 2018: inovação é simplificar processos e facilitar a vida do clienteA palestra de abertura foi de Arthur Igreja, empresário, investidor-anjo, professor da FGV-RJ e fundador da aaa.academy. Em tom provocador, ele citou diversos exemplos de inovação. Extraí aqui os pontos mais acionáveis e práticos para contadores:

Inovação: “Inovar é deixar a vida das pessoas menos aborrecidas. Não é necessariamente uma ideia genial, é fazer o que se precisa bem feito. Experimente fazer isso com seus clientes.”

Desafio da automatização: “Tudo o que for caro e difícil vai ser automatizado. Vai sobrar para o ser humano o que não pode ser automatizado: empatia e olho no olho. Uma máquina nunca vai sentir. Olhar no olho e estabelecer laços humanos vai ser cada vez mais valorizado.”

Oportunidade: “Em países e lugares em que existe muita burocracia e complexidade é um prato cheio para inovação. Conhece algum lugar assim?”

Falta de tempo: “Se você não tem tempo para inovação, é porque tem processos mal resolvidos no seu dia a dia. E você provavelmente repete esse ‘processo quebrado’ mais de uma vez por dia. E vai repeti-lo várias vezes nos próximos 5 anos.”

Nosso comentário: Priorizar a mudança dos processos em sua empresa contábil é chave para responder ao desafio. O tempo que você precisa dedicar para planejar como vai trabalhar vai ser economizado assim que você conseguir implementar essas mudanças. Facilitar processos na relação com seus clientes, usando as ferramentas certas, é justamente a oportunidade de inovação para contabilidade.

Gil Giardelli na Enescopar 2018

Na sexta-feira, a primeira palestra foi de Gil Giardelli. Ele é pesquisador de Cultura Digital, web ativista e professor na ESPM, no INEPAD-USP e na FIA-LABFIN/PROVAR.

Ele citou inúmeros exemplos de inovações, desde as criadas em garagens na Califórnia até as concebidas por grandes corporações. Nossos destaques:

Tecnologia e rotina: “Quem faz ações de rotina vai ter problema. Quem for seduzido pelo operacional vai ter problemas. Quem estiver vendendo declaração de imposto de renda, cuidado. É preciso se pensar como plataforma.”

Ameaça tecnológica: Segundo Giardelli, não temos que olhar o desemprego tecnológico — o trabalho que deve ser mantido e criado é o que usa melhor o cérebro das pessoas. Os exemplos citados foram de trabalhos repetitivos, insalubres ou exaustivos, como um funcionário de uma agroindústria que separa manualmente 3 mil ovos por dia e um motorista de trem ou um recolhedor de resíduos.

Inovação: “Inovar é resolver um problema, resolver um processo.”

Gestão da inovação: “Inovar depende de querer ser menos unicórnio e ser mais como Fênix, que precisa se destruir e renascer todo dia. Isso exige que você faça gestão da inovação em sua empresa todos os dias.”

Jaqueline Weigel no Enescopar 2018

Enescopar 2018: inovação é simplificar processos e facilitar a vida do clienteJaqueline Weigel também foi palestrante do 4º Enescon. A pesquisadora de futurismo é formada em gestão de pessoas pela FGV-SP. Aqui vão os principais trechos (só os mais práticos):

Desaprender: “Aprenda a desaprender: aceite que o que você sabe não serve daqui para frente. O que aprendi em gestão de pessoas não me serve de nada para o que tenho feito. Os seus 30 anos de experiência são ótimos — para pôr no museu. Eles não servem daqui para frente.”

Ser digital: “Ser digital não é teclar no WhatsApp, criar um app ou criar tecnologia. Ser digital é um novo jeito de pensar e agir.” E ainda: “A transformação digital é a primeira das 10 grandes mudanças nos negócios que estão acontecendo. Não é uma opção: ou você digitaliza ou digitaliza.”

Tecnologia x Inovação: “A discussão sobre inovação não deveria começar pela tecnologia, mas na remodelagem do negócio. Você não vai perder o emprego para um robô, mas para quem está por trás do robô, operando esse robô.”

E se…: “Futuristas começam com ‘E se…’. E se eu atendesse meu cliente de um outro jeito? E se eu começasse a quebrar alguns paradigmas?”.

Nosso comentário: A tecnologia precisa ser aliada da empresa contábil diante das transformações do mercado. Ter o parceiro certo é importante: escolha parceiros que ajudam você a repensar seus processos de hoje com passos viáveis para evoluir o modelo de negócio de sua empresa contábil. É esse tipo de parceria que a ContaAzul busca construir com contadores, para construirmos juntos o caminho do sucesso para seus clientes.

Ricardo Dória, da Aldeia.cc

Em sua palestra, Ricardo Dória, fundador da Aldeia.cc, apresentou um passo a passo para a inovação. Aldeia.cc é uma co-work em Curitiba, que atua na mentoria e no apoio a empresas inovadoras na capital paranaense.

Ele citou exemplos de pessoas inovadoras que conseguem enxergar soluções disruptivas para problemas de tamanhos diferentes, de Elon Musk (que investe em foguetes, túneis para viagens supersônicas e carros elétricos) e Kayo, criador do Yakisoba de Elite, que inovou na oferta de comida nas madrugadas do Rio de Janeiro.

Sair da água: “Um peixe só descobre que está na água quando sai. Um dos jeitos mais comuns é com um anzol: e ele só percebe quando é tarde demais. Outra forma é quando ele pula e sai da água. Uma terceira forma é parar de nadar e se deixar levar pela correnteza e observar: talvez ele perceba que existe algo ali. É difícil tirar a cabeça da água, voltar e fazer alguma coisa nova”.

Diante das transformações, “você precisa ser um ser humano”, na visão de Ricardo Dória (nenhum parentesco com o prefeito de São Paulo): “Existem atividades humanas difíceis de serem substituídas pela tecnologia, especialmente as que envolvem cognição, problemas complexos que não se resolvem pela lógica, relacionamentos humanos e criatividade”.

Problemas sem lógica: “A sorte que a gente tem é que tem muito problema por resolver que as máquinas não conseguem interpretar”.

Inovação precisa apanhar: “Ideia não é uma lâmpada que precisa ser protegida. Pense numa ideia como um joão bobo, que você pode bater e chutar que ela continua parando em pé. Se ela não para em pé, você precisa voltar, pôr mais peso embaixo antes de encher de novo. Você usa as sugestões das pessoas para melhorar a ideia”.

Picolé de feijão: Ricardo Dória contou uma fábula da “Dona Maria e o Picolé de Feijão”, a história de uma senhora que investe suas economias em uma grande fábrica de picolés de feijão, acreditando nos incentivos da família para que ela comercializasse, mas fracassa. A história não é real, mas exemplifica o contrário do que poderia ser o caminho para a inovação, testando, se aproximando de outras pessoas que conhecem o mercado e validando formas de resolver o problema. “Você consegue gravitar em torno da ideia antes de chegar nela”.

“Como isso melhora a vida?” é a pergunta: “A gente fica travado no problema porque não encontramos uma solução. Às vezes a gente fica com a pergunta errada. A pergunta certa é o primeiro passo para a inovação”.

Método: A partir disso, ele propôs uma espécie de método: “Pegue uma pergunta que você ainda não resolveu em sua vida ou seu negócio. E se pergunte: O que vai mudar na minha vida ou na vida das outras pessoas? Isso tem respostas fantásticas. Sempre tem que tiver uma boa mudança, vale a pena. Se não percebe melhoria, esqueça: você não precisa fazer aquilo necessariamente.

Nem tudo precisa ser inovado: “Tem coisas que não precisam ser inovadas. Se você você não percebe uma boa mudança, ela não precisa acontecer agora. Olhar a tecnologia pela tecnologia nos deixa enviesados”.

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