Inovação

O que aprendemos com as startups?

Gabriel Gandra Gabriel Gandra | Atualizado em: 26/03/2024 | 8 mins de leitura | ← voltar

Em meio às adversidades e na busca por inovação, por entrega de valor a um menor custo e crescimento escalável, surgiram as startups. E por mais improvável que isto pareça, elas têm muitas coisas a serem incorporadas no seu escritório contábil. Descubra aqui.

Não é de agora que estamos deixando de ter como referência as empresas tradicionais e, cada vez mais, prestando atenção em modelos de negócios como as startups.

Essa transição ocorreu porque, na grande maioria dos casos, a realidade das tradicionais não se adéqua à realidade dos empreendimentos brasileiros.

E faz total sentido, afinal, estamos falando de empresas que possuem processos muito bem definidos e estruturados, responsáveis claros para as tarefas, além de capital e estrutura.

No entanto, em meio às adversidades e na busca por inovação, entrega de valor por um menor custo e crescimento escalável, surgiram as startups.

E por mais improvável que isto pareça, elas têm muitas coisas a serem incorporadas no seu escritório contábil. Descubra:

Guie-se pela agilidade

Um dos principais pontos de destaque das startups é que elas são guiadas pela agilidade.

Se for pra fazer, que faça algo barato e rápido.
Se for pra errar, que erre e que aprenda com o erro rapidamente.
Se for para instituir novas mudanças, mude rapidamente.

E isso é incrível. E se você quiser trazer objeções prontas de que inserir mudanças de processos, novas ferramentas dentro de um escritório contábil é mais complicado, nem se dê o trabalho de continuar.

Porque não se trata de mudar tudo de uma vez, o principal objetivo é mudar um pouco todos os dias, para mudar sempre.

Até que não será mais sobre mudanças, mas sim, sobre melhorias e evolução.

Instituir esse modo de pensamento não é fácil. Abrir mão de paradigmas muito enraizados da visão que temos de gestão, no entanto, é necessário.

Principalmente, se o seu escritório for pequeno e tiver uma equipe enxuta. Pode até parecer ser mais difícil nesses casos, mas é logo quando deveria ser mais fácil.

Uma equipe de oito pessoas, por exemplo, tem maiores chances de ter um alinhamento mais claro do que uma equipe de vinte ou cinquenta pessoas.

Porém, segue uma ressalva: não pense que, ao ter esse pensamento claro, suas ações de uma hora para a outra ficarão ágeis, porque não ficarão; portanto, não se iluda.

É necessário que, além de ter esse mindset, você pense nas bases que tornaram isso possível, desde ferramentas aos indicadores do escritório.

E isso quer dizer rever seus processos atuais e analisar se eles são eficientes ou não.

Uma forma de fazer isso é você se guiar por perguntas, exemplo:

Como posso fazer essa mesma quantidade de tarefas de forma mais rápida?
O que me atrapalha?
Com o que eu “perco” tempo?

E se você demanda tempo demais se norteando no que deve ser feito e com dúvidas sobre quais são suas prioridades, notoriamente, você tem problemas de gestão de tempo.

Ao ter clareza do que precisa ser mudado, vamos às soluções:

O que me auxilia e possui baixo custo?
Há como eu fazer isso?

Se essa solução já existir e for muito mais complexa, simplifique. Pense exatamente no que você precisa e todo o resto é descartável. Se não agregar no agora, no que você precisa já, não perca tempo com isso.

Pense de forma enxuta

Ao começarem, muitas das startups não possuem recursos financeiros em abundância.

Elas surgiram para pensar em como inovar, ser escalável com baixo custo. E a economia de dinheiro para adquirir os melhores equipamentos, softwares, as melhores pessoas, os melhores cursos é que exercita o melhor delas.

Não ter capital para essas coisas incita em pensar e fazer diferente.

Ponto importante: você precisa ser criativo. A sua preocupação não será com o design, mas sim com o resultado, com a eficiência e com novos processos ganhando forma.

O enquadramento não é pensar nisso apenas no seu financeiro, mas estender esse comportamento para toda a empresa.

A minha equipe está em condições de realizar mais tarefas?
Perceba que há uma diferença do tópico anterior pelo fato de que antes falávamos do indivíduo e de como ele dentro da sua rotina poderia entregar mais com o mesmo tempo.

E o objetivo agora é analisar o todo, toda a equipe, as interfaces com os outros campos da empresa para que tratemos de melhorias estruturais.

Ao ter essa clareza, você avança na sua possibilidade de ter mais resultado.

Um exemplo:

Ao observar o cotidiano, compreender quais devem ser as entregas, tempo e eficiência, você pode ter chegado à conclusão de que precisa de uma ferramenta que automatize algum processo ou que torne as coisas mais claras, como um software de CRM para a sua equipe de vendas.

E esse investimento implica em aprimorar e aumentar o rendimento, então, é um investimento lógico e que possui um embasamento claro.

Ser enxuto não se aplica apenas aos escritórios pequenos ou às startups, é um paradigma que deve ser incorporado por todos os seus colaboradores e por todos os perfis de empresa.

Foco no resultado + aprendizado constante

Tudo o que fazemos deve ser orientado por dados e pela compreensão em saber se o nosso objetivo maior está sendo alcançado.

Portanto, a perspectiva é simples: ao introduzir um novo processo, uma nova ferramenta, contratar um novo funcionário, essas perguntas devem ser feitas:

Isso me direciona para o meu objetivo? Como?
Qual a expectativa de tempo para que isso aconteça?
Isso me atende?

Esses questionamentos o guiarão para dois pontos importantíssimos:

O primeiro deles é o de visualizar o melhor caminho para que as metas sejam batidas, portanto, se não for me direcionar para esse objetivo, devo mudar a estratégia. E o outro ponto é que, se você não souber se esse é o melhor caminho, se não te trará os resultados esperados, o que fazer? Estudar!

Parece discurso pronto e repetitivo, mas é para ser repetitivo mesmo. Porque o fato é que em algum outro lugar desse nosso Brasil alguém está sentindo essa mesma dor que você.

Alguém sentiu algo parecido – mesmo que em outro setor – e muito provavelmente alguma remediação ou solução foi encontrada.

E você vai ficar sofrendo calado? Ou vai correr atrás do que pode solucionar seus problemas?

A única forma de ter essas respostas é por meio da pesquisa, é ser humilde e dizer: eu não sei. E então correr atrás de pessoas, livros, palestras, workshops, blogs, webinars, vídeos no YouTube, o que for.

As startups possuem comunidades, trabalham em ecossistemas compartilhados para fomentar essa solidariedade e troca de conhecimentos (comportamento esse que é praticamente inexistente nos mercados tradicionais).

E a questão mais interessante é que quem se abre consegue aprender mais e soluciona seus problemas com mais facilidade.

Conclusão

Seu escritório contábil com toda certeza pode se envolver, sem medo, com o esse universo diferente e cheio de neologismos das startups.

Exatamente, por ser uma troca de inspirações. O contador é resiliente e persistente e o empreendedorismo tecnológico atual chega para canalizar essas características com um novo formato, usufruindo da estrutura que temos.

Portanto, seja ágil, assuma riscos calculados. Siga em frente e faça! E ao agir, teremos uma resposta também rápida independente de o retorno ser positivo ou negativo.

Fomente uma gestão enxuta, crie o senso de gestão escassa em todo o seu escritório. Devemos fazer mais com menos, como todos juntos entregamos mais e com as falhas existentes, direcione os seus novos investimentos.

E por fim, acompanhe seus resultados e seja um eterno aprendiz. Não saber é incrível e ter essa consciência faz com que você encontre suas soluções inovadoras e busque quem pode te ajudar!

O maior aprendizado, afinal, que as startups possuem é o de que é preciso mudar, evoluir e colaborar para se manter relevante no mercado.

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