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Coronavírus e economia: impactos e desafios no Brasil e no mundo

Equipe Conta Azul Equipe Conta Azul | Atualizado em: 26/03/2024 | 9 mins de leitura

Descubra a relação entre coronavírus e economia, impactos da doença e como orientar clientes no período de surto.

Você sabe qual é a relação entre coronavírus e economia?

Com o surto da doença, os agentes econômicos sofrem desajustes, o consumo tende a diminuir e os efeitos do medo são percebidos imediatamente no mercado financeiro.

Por isso, as empresas devem ponderar bastante suas decisões no cenário atual, tanto para controlar o orçamento diante de incertezas quanto para não desacelerar completamente por causa do pânico.

E, como contador, sua função é atuar como um parceiro estratégico, auxiliando clientes a navegar com alguma tranquilidade no mar revolto que se forma.

Por isso, neste guia, você vai compreender melhor a relação entre coronavírus e economia, os impactos na economia global e no Brasil e como orientar clientes.

Vamos nessa?

Acompanhe a seguir.

Coronavírus e economia: qual é a relação?

O novo coronavírus, que se originou em dezembro de 2019, na China, tem alto contágio e, por isso, já acarreta impactos globais na economia.

Mas, antes de compreender os fatores econômicos envolvidos, vale a pena delinear melhor o que representa essa ameaça em termos de saúde pública.

O vírus causa uma doença que foi chamada de Covid-19 e apresenta uma letalidade relativamente baixa.

O maior estudo realizado sobre a doença até agora demonstra que menos de 5% dos casos são graves.

O grupo com mais alta taxa de mortalidade (14,8%) é o de pessoas a partir de 80 anos.

No Brasil, são contabilizados 488 casos suspeitos de coronavírus, com dois casos confirmados, de acordo com dados do Ministério da Saúde referentes a 3 de março.

Mas, afinal, qual é a relação do coronavírus, um problema na esfera de saúde pública, na economia?

É que o surto da doença, já presente em mais de 60 países, desencadeou uma série de eventos que, de alguma forma, se relacionam com o mercado.

Interrupções nas operações em fábricas, cancelamento de voos internacionais, fechamento de comércios e serviços e regiões submetidas a quarentena (como a cidade chinesa de Wuhan) são algumas das consequências que afetam diretamente as movimentações das indústrias.

E, em um cenário de tantas incertezas, as bolsas de valores e as projeções de crescimento também sentem o impacto negativo.

Impactos do Coronavírus na economia global

Agora que você conhece a relação entre coronavírus e economia, é hora de entender quais são os impactos globais da doença. Confira abaixo:

Desaceleração do crescimento econômico

Apesar de o mundo ainda perceber os primeiros impactos do coronavírus, a desaceleração do crescimento já é uma realidade.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu a previsão do crescimento econômico mundial para 2020.

A projeção atual é de crescimento de 2,4%  — considerando que a projeção anterior era de 2,9%.

Principalmente em uma economia globalizada, qualquer movimento causado na China, segunda maior economia internacional, tem reflexos nos diferentes cantos do mundo.

Quedas nas bolsas de valores

Outro impacto já observado são as quedas generalizadas nas bolsas de valores ao redor do mundo.

As bolsas chinesas, por exemplo, tiveram queda de quase 8%, após a reabertura em fevereiro. Foi a maior queda em cinco anos.

As bolsas dos Estados Unidos, Europa e até mesmo a brasileira Ibovespa, após o Carnaval, apresentaram quedas devido ao surto.

Na prática, os investimentos nas bolsas de valores são baseados em especulações sobre a economia.

Em um período de instabilidade e incerteza, investidores têm maior aversão ao risco nas aplicações financeiras e, portanto, investem menos.

Para simplificar bastante, basta entender que a oferta de ações supera a demanda por elas, e os preços, consequentemente, caem.

Quedas nos resultados das empresas

Empresas de diferentes indústrias já sentem os reflexos do surto de coronavírus.

Aqui se destaca o setor de turismo, sobretudo as companhias aéreas, devido ao cancelamento de voos e à baixa procura por viagens internacionais, sobretudo em países onde há maior concentração da doença.

No Brasil, por exemplo, a companhia Latam interrompeu voos semanais de São Paulo e Milão, na Itália, entre 2 de março e 16 de abril.

Queda de juros antecipada nos Estados Unidos

No dia 3 de março, o Banco Central dos Estados Unidos anunciou extraordinariamente um corte de 0,5% nos juros básicos da economia, como medida para fomentar a economia diante do cenário de incertezas que se avizinha.

Medidas como essa, de antecipação de movimentação do Banco Central norte-americano, são tomadas em momentos de pânicos nos mercados, como na crise de 2008.

Possíveis impactos do Coronavírus na economia brasileira

Trazendo a discussão para um cenário mais próximo, é preciso entender os impactos do coronavírus no Brasil. Abaixo listamos os principais deles:

Queda nos preços de commodities brasileiras

Um dos impactos de curto prazo é a redução dos preços das commodities brasileiras exportadas para o mercado chinês.

A China é o país que mais compra commodities do Brasil.

Entre os itens, destacam-se a soja, que equivale a 30% das exportações brasileiras para a China, seguida do petróleo (24%) e do minério de ferro (21%).

E, com a queda da procura chinesa durante o surto, os preços das commodities, que são exportadas pelo Brasil em larga escala, caem.

A preocupação central são as exportações para o próximo trimestre, já que as vendas dos próximos meses estão já estabelecidas por contratos prévios.

Redução do crescimento do PIB

Outro impacto no Brasil é a redução da previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), indicador que quantifica a atividade econômica no país.

De acordo com o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central em 2 de março, o mercado financeiro reduziu a previsão de crescimento do PIB de 2,20% para 2,17%.

Há casos de análise com cenários ainda mais pessimistas, de crescimento menor devido ao surto do coronavírus.

Valorização do dólar

Em 2 de março de 2020, o dólar bateu um novo recorde, chegando a R$ 4,487 na venda.

Trata-se do maior valor nominal de fechamento já alcançado pelo dólar desde a criação do real.

O movimento rumo ao dólar é normal em crises econômicas, já que os investidores buscam proteção em moedas fortes.

Suspensão da produção e redução dos lucros no setor empresarial

Para empresas que têm parceria com a China, o impacto é a escassez na cadeia de suprimentos para a produção de mercadorias.

Uma das principais indústrias afetadas é a de eletrônicos.

No Brasil, por exemplo, a fábrica da LG e unidades da Samsung e da Motorola suspenderam a produção devido à falta de componentes eletrônicos provenientes de parceiros da China.

Mas trata-se de um problema global, que acarreta na redução de lucros até mesmo de grandes corporações.

Uma das principais marcas de smartphones do mundo, a Apple, também já anunciou que as metas de faturamento para o primeiro trimestre de 2020 não serão alcançadas e que será temporariamente restrito o suprimento global de iPhones.

Home office geral

Em regiões mais afetadas pelo coronavírus, como as cidades chinesas, uma solução implementada pelas empresas foi o “home office geral”: a orientação para que os funcionários trabalhassem de casa.

Cancelamento de viagens, reuniões por videoconferências e prolongamento de férias fazem parte das estratégias já adotadas.

Um exemplo é o da gigante Amazon, que instruiu os funcionários a evitar viagens domésticas e internacionais.

Já os colaboradores que precisaram viajar à China ficaram duas semanas trabalhando em home office após voltarem para suas cidades.

Ainda não é o caso no Brasil. Mas, se o surto se alastrar no país, essa pode ser uma das medidas adotadas pelas empresas brasileiras  — sobretudo em São Paulo, capital que recebe voos de todos os lugares do mundo.

Como orientar seus clientes em relação ao Coronavírus

Considerando o cenário que você viu até aqui, é essencial orientar os seus clientes de contabilidade para minimizar os riscos do coronavírus.

Por isso, confira abaixo as principais dicas que podem ser implementadas nessa hora.

Planejamento financeiro

Como é possível observar, o surto global de coronavírus impacta diretamente na produção, vendas e lucros das empresas  — principalmente daquelas que dependem de exportações ou importações.

Então, o ideal é aconselhar que os clientes realizem um planejamento financeiro, pelo menos para o próximo trimestre, considerado um cenário de queda para não comprometer o orçamento.

Flexibilidade de locação, horários de trabalho, home office

Outra estratégia que os seus clientes devem adotar é a flexibilidade na rotina de trabalho dos colaboradores.

Aqui a proposta é permitir o trabalho de outros lugares, não necessariamente na empresa, e em horários diferenciados, para evitar os grandes fluxos nas cidades em horários de pico.

O home office, conforme você já sabe, também é uma opção interessante para aumentar a prevenção contra a doença.

Controle rigoroso das contas no período

Aliado ao planejamento financeiro, deve estar o controle de contas durante o período de surto do coronavírus.

Principalmente em períodos de instabilidade econômica, essa medida é essencial para não colocar o negócio em risco.

Por isso, enfatize aos clientes a necessidade de manter um controle intenso do orçamento e sobretudo de reduzir custos para minimizar os impactos financeiros.

Diálogo aberto com colaboradores

Por fim, vale a pena incentivar os clientes a adotarem um diálogo aberto com os colaboradores.

Isso inclui ser transparente, por exemplo, em relação a possíveis políticas para flexibilização de jornada e buscar compreender todas as necessidades relacionadas ao bem-estar e à saúde dos colaboradores.

Com essas dicas em mente, você poderá exercer de fato o seu papel estratégico como parceiro de negócios dos seus clientes.

Se ficou com alguma dúvida, fique à vontade para compartilhar nos comentários abaixo.

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